Saúde

Vícios em álcool e drogas pioram no verão, afirma pesquisa

A época considerada perfeita para o lazer pode ser uma vilã para pessoas que desejam largar as drogas

Foto: Divulgação

De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), de cada 10 adolescentes internados pelo sistema público de saúde para combater o vício por drogas, em média, nove apresentam recaída em até três meses depois de ter alta. Além disso, o verão é a época com maior índice de utilização de drogas ilícitas e consumo de bebidas alcoólicas, conforme informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O terapeuta, Gabriel Rocha comenta que o verão é o cenário mais desejado para curtir férias, festas, praia, associando isso com o consumo de bebidas alcoólicas e drogas. “Algumas pessoas podem até conseguir fazer o uso sociável de cerveja, por exemplo, porém o dependente químico ou o alcoólatra não é simplesmente alguém que usa, mas que abusa das substâncias colocando em risco a sua vida e de outros”, destacou o especialista comportamental.

Rocha comenta que este tema ganha ainda mais força durante a Campanha Janeiro Branco, que alerta sobre a importância de cuidar da saúde física e mental, porque a falta deste cuidado torna as pessoas mais vulneráveis a diversos transtornos, como os vícios por exemplo. 

“Apesar da dependência por drogas ser a mais comum, a sociedade está viciada em redes sociais, tratamentos estéticos, jogos e fastfood. Além disso, é possível notar um comportamento de competição que não é saudável, como a comparação da aparência e do estilo de vida entre as pessoas. Para alguns, isso não quer dizer nada, mas como o passar do tempo, este hábito adoece a alma. Então surgem as possibilidades de anestesiar a dor, buscando refúgio em bebidas e drogas”, alertou o terapeuta.

O especialista deu algumas dicas para identificar uma pessoa com vícios e ajudá-la com um tratamento seguro.

>> Quais são os sinais físicos e psíquicos de uma pessoa com dependência?

Gabriel Rocha: A pessoa pode ficar eufórica, animada demais com o verão, porém, por trás de tudo isso, está a obsessão que é a característica mental da doença, logo vem a compulsão que é o ato final da recaída seguido de descontrole. Alguns podem ficar irritados e deprimidos por não poder beber com os amigos e se sentir infeliz, isso é comum durante o tratamento. Mas, a pessoa não recai apenas quando usa, ela recai em seus comportamentos, dando sinais e o uso é uma consequência. É preciso estar atento!

>> Quando a família nota que uma pessoa é um dependente, qual a melhor forma de abordá-la e oferecer ajuda?

Gabriel Rocha: Precisamos ser simples, saber ouvir, ter calma, tentar compreender se colocando à disposição para apoiar no tratamento, em vez de julgá-la. Quem ama de verdade não vai beber na frente de alguém que tem problema com álcool.

Gabriel Rocha reforça que como a maioria dos transtornos e doenças, quanto mais cedo perceber que existe um problema devido aos sinais e fatos que comprovam o uso, melhores serão as chances de abordar alguém com uma boa conversa oferecendo ajuda. “Hoje temos muitas pessoas famosas que abordam essa causa, já avançamos muito em quebra de paradigmas”, destacou.

Contudo, o terapeuta alerta que quando a pessoa chega em um estágio avançado de dependência, ela acaba não percebendo o mal que está fazendo a si mesma, negando ajuda e causando um transtorno familiar. Devido a essa situação que acontecem as internações involuntárias.

>> Quais atividades no dia a dia podem ajudar uma pessoa a largar o vício?

Gabriel Rocha: Atividades que promovam qualidade de vida são sempre bem- vindas como: exercícios, beber água (evitar a sede), meditações em literaturas motivacionais, escrever um diário para aumentar o autoconhecimento, fazer programas com pessoas que não fazem o uso de álcool ou drogas, ter uma vida espiritual saudável, frequentar reunião de mútua ajuda.

JANEIRO BRANCO

O mês de janeiro foi escolhido como o mês da saúde mental, tendo o branco como sua cor simbólica. No Espírito Santo, o governador Renato Casagrande sancionou a Lei Estadual nº 11.078, que institui no Calendário Oficial do Estado o Janeiro Branco.

>> Quais hábitos podem contribuir para uma boa saúde mental?

Gabriel Rocha: Cada pessoa deve aprender a conduzir sua vida com equilíbrio. Não é sobre ser contra as redes sociais, mas vamos saber admitir quando ela estiver roubando o nosso tempo de vida. Não é sobre não ver a série da Netflix, mas leia um livro também. “A realidade nos mostra que quando um descontrole acontece as causas podem ser diversas, levando a depressão, ansiedade, uso de drogas e transtornos psíquicos. O Janeiro Branco vem para conscientizar e não para oprimir, vem para educar, para ajudar e desmitificar, o branco é de paz”, destacou Gabriel Rocha.

Além disso, o especialista indica que as pessoas busquem fazer terapia. “Ela deve ser vista como um exercício ou uma prática para o bom uso da vida. Infelizmente, ainda existe a cultura de só procurar ajuda quando as coisas não vão bem, quando o certo seria ter um estilo de vida preventivo. Terapia é sobre meditar e refletir, buscar uma consciência saudável, é estar preparado para ajudar e ser ajudado, se tornar cada dia mais humano em um mundo desumano”, finalizou Rocha. 


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