Saúde

Denúncias de fura-fila no ES: entenda por que trabalhador de área administrativa da saúde não pode ser punido

Entre as 128 denúncias recebidas pelo governo do Estado sobre pessoas que não respeitaram a ordem de vacinação, estão trabalhadores fora da linha de frente de combate à covid-19

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A vacinação contra a covid-19 começou no início do ano no Estado de forma escalonada, seguindo uma série de critérios que determinam a ordem e o público-alvo contemplados com a vacina. No Espírito Santo, assim como em outros estados, há registros de pessoas que preferem pegar atalhos, encurtar caminhos e furar a fila da vacinação. 

Levantamento da Ouvidoria da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), divulgado nesta quarta-feira (14), aponta 128 denúncias de pessoas que não respeitaram a ordem de recebimento das doses dos imunizantes. Apesar do número expressivo, há denúncias que não se configuram como fura-fila e não são passíveis de punição, segundo Rafael Caliari, ouvidor da Sesa. 

Isso porque muita gente não sabe que os trabalhadores que atuam no serviço público e privado da área da saúde, independentemente da profissão, mesmo não estando na linha de frente da covid, entraram no grupo prioritário no Estado para receber a vacina. Isso vale para trabalhadores da área administrativa de clínicas e hospitais, como advogados, profissionais de Recursos Humanos, técnicos e auxiliares. 

Foto: Diego Simão/TV Vitória

“A linha de frente, que faz atendimento direto aos pacientes contaminados, precisou ser vacinada primeiro. Depois veio o setor administrativo dos hospitais e clínicas, depois o administrativo de outras áreas, como as secretarias de saúde”, explicou Rafael Caliari.

O ouvidor não especificou quantas denúncias relacionadas a esses trabalhadores foram recebidas. Ele ressaltou, entretanto, que serão analisadas as datas em que os profissionais que não atuam na linha de frente foram vacinados.

“A vacinação dos demais trabalhadores da saúde era o quarto item da resolução, e, eventualmente, algum hospital pode ter adiantado essa imunização. A dificuldade é saber se toda a linha de frente já havia sido contemplada quando esses outros profissionais foram vacinados. Caso toda a linha de frente tenha sido contemplada e as vacinas tenham sido adiantadas, não há problema, demonstra eficiência”, reforçou.

Como aconteceu a vacinação dos trabalhadores da saúde?

Em fevereiro, a Sesa ampliou a vacinação e começou a imunizar os  trabalhadores da saúde que não estavam na linha de frente de combate à doença. A secretaria seguiu as determinações do informe Técnico da Campanha de Vacinação contra a Covid-19 do Ministério da Saúde, a partir da resolução  Nº13/2021, da Comissão Intergestora Bipartite (CIB).

De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Imunizações da Sesa, Danielle Grillo, a imunização dos trabalhadores da saúde, primeiro grupo contemplado, foi promovida conforme permitido pelo Ministério da Saúde. Em um primeiro momento, a orientação era vacinar os trabalhadores da linha de frente e, em seguida, os trabalhadores administrativos dos serviços de saúde.

“Independentemente da categoria profissional, se a pessoa atua, por exemplo, em um hospital, ela é considerada trabalhador da saúde”, explicou. Ainda segundo a coordenadora, a imunização desses trabalhadores garante não somente a segurança deles, mas também dos pacientes e da sociedade. 

Foto: reprodução/pixabay

“O intuito da vacinação do trabalhador da saúde é proteger não só o trabalhador, mas os pacientes que estão naquele contexto hospitalar. Um funcionário da limpeza de um hospital, por exemplo, pode ser uma fonte de infecção do paciente. O termo trabalhador da saúde não se restringe ao profissional da saúde, mas ao que atua em serviços de saúde", disse Danielle Grillo.

Quem são os trabalhadores de saúde do grupo prioritário?

Além dos profissionais que atuam na linha de frente de combate à doença, outros trabalhadores da saúde foram vacinados. Confira abaixo exemplos de categorias que puderam ser imunizadas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde:

- Profissionais da saúde: médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, odontólogos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, médicos veterinários e seus respectivos técnicos e auxiliares;

- Trabalhadores de áreas administrativas (que atuam em ambientes hospitalares): recepcionistas, seguranças, trabalhadores da limpeza, cozinheiros e auxiliares, motoristas de ambulâncias e outros;

- Cuidadores de idosos, doulas e parteiras;

- Funcionários do sistema funerário e do Serviço Médico Legal, que tenham contato com cadáveres potencialmente contaminados.

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Outras denúncias

Além dos trabalhadores da saúde que não atuam na linha de frente, a Ouvidoria da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), também recebeu denúncias sobre políticos e servidores que teriam furado a fila da vacinação. O documento também menciona ocorrências de desvio de vacina por agente público, extravio de doses, falsa aplicação de dose e venda de vacina.

"Temos denúncias de prefeitos, prefeitas e de vereadores, além de funcionários de prefeituras que não eram da área da Saúde", aponta Rafael Caliari, ouvidor da Sesa.

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