Saúde

Brasil registra aumento de 25% em queimaduras desde o início da pandemia

Campanha 'Com fogo não se brinca' lançada em junho, tem como foco o público infantil, que é vitima em aproximadamente 40% dos acidentes

Foto: Divulgação
Um milhão de pessoas sofrem queimaduras no ano no Brasil.

O dia 6 de junho é marcado por uma importante luta da saúde: o Dia Nacional de Luta contra Queimaduras. O Brasil, além de enfrentar os efeitos da pandemia da covid-19 (novo coronavírus) também vê em seus sistemas de saúde público e privados o aumento de pacientes com lesões de queimaduras em cerca de 25%. 

Este dado, divulgado pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), tem a ver com pandemia, segundo explica o cirurgião plástica e presidente da regional capixaba da entidade (SBQ/ES), Ariosto Santos.

“Em março, com a pandemia, a Anvisa voltou a autorizar a comercialização do álcool 70%, que era restrita à população, isso porque se trata de um componente altamente inflamável. Apesar das recomendações sobre o uso do álcool 70% para higienizar das mãos para evitar o contágio por covid-19, é importante ressaltar que não estamos lidando com um produto ‘inocente’ e com as crianças por um período maior dentro de casa, o risco de acidentes aumenta. O perigo torna-se ainda maior porque a chama do álcool gel não é visível”, alerta o médico.

Junho Laranja

A campanha de prevenção a queimaduras intitulada Junho Laranja, promovida pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), cuja tema de 2020 é “Com fogo não se brinca”, tem como foco o público infantil, que é vitima em aproximadamente 40% dos acidentes.

"Hoje, há um grande número de pessoas e instituições envolvidas no desejo e esforço para alcançar mais prevenção, mais acesso ao tratamento adequado e humanizado, reinserção pós-trauma. Pacientes, voluntários, sociedade civil organizada, setores do governo e outros colaboradores e lutadores da causa sempre de braços dados por essa luta', ressalta o presidente o médico Ariosto Santos.

Dentro de casa

De acordo com a SBQ, um milhão de pessoas sofrem queimaduras no ano no Brasil, desse número 200 mil são por substancias inflamáveis, o que inclui o álcool, e 40% das vítimas são crianças de até 10 anos. “Quase 80% desses acidentes acontecem dentro do ambiente familiar e o número de ocorrências pelo uso de álcool tende a aumentar com quarentena. Temos uma cultura de higienizar a casa com álcool, isso é perigoso e deve se evitado. O álcool, principalmente na forma líquida e em gel, é altamente inflamável e com alto risco queimaduras com lesões graves”, alerta.

O alerta é reforçado por dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) que mostram que o acidente doméstico é a principal causa de mortalidade na faixa etária de 1 a 14 anos. Já o Ministério da Saúde divulgou que 38% dos atendimentos nas áreas de urgência e emergência nos hospitais são decorrentes de acidentes em casas, sendo as crianças uma das principais vítimas.

Evite acidentes 

Para evitar esses acidentes, os pais devem evitar que as crianças tenham acesso ao álcool. “Os responsáveis pelas crianças devem manter esses produtos fora do alcance dos pequenos. Para higienizar as mãos em casa, utilize água e sabão, conforme preconiza o Ministério da Saúde e demais autoridades sanitárias. O uso de álcool em gel deve ser reservado para momentos em que a pessoa não tiver acesso a uma pia para higienização”, ressalta Ariosto.

A queimadura de terceiro grau, por exemplo, destrói todas as camadas da pele e resulta na perda de flexibilidade, elasticidade e de seu aspecto natural. As de segundo grau atingem a epiderme e a derme, causando dor e deixam cicatrizes. Uma queimadura de primeiro grau atinge a camada mais superficial da pele, a epiderme e causa dor e vermelhidão, mas provocam nenhuma sequela na vítima.

O que fazer? Em caso de queimaduras, Ariosto orientar a colocar um pano limpo e ir diretamente para um hospital para evitar a infecção e aprofundamento da lesão. “Receitas caseiras como clara de ovo, pomadas e borra de café devem ser evitadas para prevenir a ocorrência de contaminação da ferida”, destaca o médico.

Casa protegida: Além do álcool, o presidente da SBQ/ES reforça os cuidados com cabos de panela, manuseio de líquidos quentes, proteção de tomadas e ferro elétrico para evitar queimaduras térmicas, provocadas por exposição a fontes de calor, ou elétricas, provocadas por contato com correntes elétricas.

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