Saúde

Células-tronco do dente de leite podem assegurar uma vida mais longa e saudável

Armazenamento, multiplicação e preservação do material são uma forma cada vez mais concreta de manter a saúde das novas gerações

O cirurgião-dentista deve informar os pais, alertá-los e responsabilizá-los pelo futuro de seus filhos

A ciência avança de forma acelerada. Hoje, a partir de células-tronco embrionárias retiradas do dente de leite das crianças, já é possível uma reprogramação celular capaz de auxiliar na regeneração de diversos tipos de tecidos e órgãos, tais como: pele, células beta (pâncreas), cartilagem, tecido nervoso e adiposo, ossos, tecido cardíaco, fígado, dentes e músculos. Além disso, a cura para doenças hoje consideradas incuráveis como Alzheimer, Autismo e até Câncer, tornam-se mais próximas.

Tal processo já ocorre em laboratórios e a cada dia está mais próximo e acessível a todos. O procedimento é feito por meio de um acompanhamento e monitoramento do processo desde o momento da extração do dente no consultório odontológico até a chegada ao laboratório. Quanto mais cedo for feita a retirada, mais jovens serão as células coletadas, melhores os resultados e a qualidade do material. 

“O cirurgião-dentista é muito importante neste processo pois o dente deve ser extraído de forma apropriada e encaminhado ao laboratório de acordo com protocolo. Aliás, pelo fato de a medicina regenerativa unir várias áreas, este profissional é da mais alta relevância para a difusão deste conhecimento à população”, assegura o cientista, José Ricardo Muniz Ferreira.

De acordo com ele, a partir de técnicas empregadas, estará garantida a qualidade e a multiplicação do material. A criança terá as células armazenadas por tempo indeterminado e, caso seja necessário, poderá fazer uso em qualquer fase da vida.

“O cirurgião-dentista deve estar informado sobre a odontologia regenerativa. É importante que se atualize constantemente a respeito para que tenha novos argumentos, informações e, principalmente, possa assumir o papel de educador sobre o tema”, explica o cientista.

O procedimento garante que, futuramente, a pessoa tenha a segurança de tratamentos adequados, tendo em vista que o uso de seu próprio material genético evita possíveis rejeições, em casos como transplantes de órgãos, por exemplo. Os tratamentos com células-tronco estão cada vez mais acessíveis e eficazes. 

Por isso, o armazenamento, a multiplicação e a preservação dessas células são uma forma cada vez mais concreta da ciência em preservar a saúde e superior qualidade de vida das novas gerações. “Nesse sentido, é da mais alta relevância que o cirurgião-dentista não apenas informe os pais, mas também busque alertá-los e responsabilizá-los pelo futuro de seus filhos pois o que está em jogo é a saúde e a vida dos pequenos”, afirmou Ferreira. 

No Brasil 

No Brasil as pesquisas avançam com sucesso em tratamento de crianças com lábios leporinos. Atualmente foram realizadas 18 intervenções. “Essa má formação congênita normalmente é corrigida com cirurgia altamente invasiva, que acontece por volta dos 8 anos de idade e consiste na retirada de um fragmento do osso da bacia para fechar a fenda. Um procedimento muito doloroso e de recuperação lenta. Em média são necessárias até três cirurgias. Com o tratamento a partir de células-tronco, elas são ‘programadas’ para formarem um novo osso e, em seis meses, acontece o completo fechamento da fissura labiopalatina”, explicou a cirurgiã-dentista e doutora em genética, Daniela Bueno, que coordena as pesquisas para reabilitar o osso alveolar de pacientes portadores de fissuras lábiopalatinas a partir do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS).

Pontos moeda