Saúde

2 em cada 10 gestantes no país sofrem com partofobia. Entenda

A realização de adequado pré-natal, bem como a construção de uma rede de apoio para mulher grávida, pode colaborar para a diminuição desses sintomas e o restabelecimento da qualidade de vida da gestante

Foto: Unplash

Ansiedade, ataques de pânico e queixas psicossomáticas: sintomas vivenciados pore gestantes no momento de dar a luz. Segundo especialistas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a partofobia pode influenciar negativamente o bem-estar da gestante, bem como afetar o desenvolvimento fetal. 

A realização de adequado pré-natal, bem como a construção de uma rede de apoio para mulher grávida, pode colaborar para a diminuição desses sintomas e o restabelecimento da qualidade de vida da gestante.

Segundo o ginecologista, Rodrigo Nunes, membro da Comissão Nacional Especializada em Urgências Obstétricas da Febrasgo, a partofobia pode ser dividida em duas categorias: 

Primária: quando desencadeada no início da fase adulta, na adolescência, ou mesmo na infância e está associada a relatos de familiares da própria mãe ou pessoas próximas. 

Secundária: quando está ligada a eventos traumáticos relacionados a um parto anterior, como a dor, falta de suporte emocional no período perinatal ou complicações obstétricas. 

O médico destacou que alguns fatores de risco podem estar ligados ao desenvovimento da partofobia. Ainda segundo o especialista, os sintomas podem ser comuns durante a primeira gestação. Veja abaixo os principais:

- tabagismo;

- depressão;

- ansiedade;

- história de violência sexual;

- infertilidade;

- abortamento prévio;

- cesariana prévia.

O esecialista comenta ainda que esse medo exacerbado do parto pode gerar prolongamento da gestação ou motivar pedido por cesariana eletiva. 

“Em relação ao desenvolvimento do feto, a partofobia está associada a mudanças no crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer, alterações nos batimentos cardíacos fetais e prematuridade, provavelmente decorrente do efeito negativo identificado no fluxo sanguíneo das artérias uterinas das gestantes. Porém, os efeitos em longo prazo no desenvolvimento das crianças ainda não foram estabelecidos”, disse.

Partofobia também pode causar transtornos emocionais para mãe e bebê

O médico comentou que, após o nascimento, a partofobia pode ainda ser responsável por: 

- atraso na formação do vínculo entre a mulher e o recém-nascido;

- dificultar a amamentação;

- aumentar o risco de depressão puerperal.

De acordo com o ginecologista, Rodrigo Nunes, a correta identificação de uma gestante com partofobia permitiria seu encaminhamento para um especialista em psicoterapia e suporte psicossomático para diminuir o medo e o impacto negativo sobre o feto e sobre si mesma. 

Segundo pesquisa DataFolha, 87% das mulheres estão satisfeitas com o acolhimento e aconselhamento dos gineco-obstetras que as assistem. 

“No Brasil, o Ministério da Saúde, por intermédio das Diretrizes de Atenção à Gestante, orienta que em caso de ansiedade relacionada ao parto ou partofobia, é recomendado apoio psicológico multiprofissional. Após a orientação e apoio psicológico, quando indicado, se a gestante mantiver seu desejo por cesariana, o parto vaginal passa a não ser recomendado”, disse o especialista. 


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