Saúde

Olhos podem antecipar o diagnóstico de diabetes. Entenda

Brasil é o quinto país com mais diabéticos no mundo. Pandemia aumentou casos

Foto: Imagem: Freepik

O Brasil tem 16,8 milhões de diabéticos e ocupa a quinta posição mundial em número de portadores da doença segundo dados da IDF (International Diabetes Federation). Pesquisadores da Indiana University descobriram biomarcadores do diabetes que permitem diagnosticar alterações na retina do diabético antes do diagnóstico clínico.

O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto afirma que é comum pacientes descobrirem o diabetes na consulta oftalmológica, quando já surgiram as primeiras alterações nos vasos da retina. Os novos biomarcadores antecipam ainda mais o diagnóstico e por isso ajudam a preservar a visão.

O especialista afirma que não é comum sentir alteração na visão no início do diabetes. Os sintomas mais frequentes são: 

- sede excessiva;

- micção frequente;

- perda de peso;

- fadiga

Mas, de acordo com Leôncio, apesar de comuns, esses sintomas não aparecem em todos. Por isso, quem tem casos na família deve passar por check-up clínico periodicamente. Um simples hemograma pode evitar graves complicações. 

Veja alguns problemas de visão que podem ser causados pela diabetes

Perda da visão

Na pandemia, o tratamento de muitos pacientes sofreu descontinuidade, o problema é que não basta um bom controle glicêmico para que o diabético continue enxergando. Depende também de quanto tempo convive com a doença. 

Depois de cinco anos, aumenta o risco de desenvolver edema na mácula - porção central da retina, formação de neovasos que enfraquecem a membrana e formação de depósitos de sorbitol, uma substância que favorece o extravasamento de liquido dos vasos e leva à perda da visão. 

O tratamento inclui aplicação de laser, injeções antiangiogênicas e cirurgia em casos de hemorragia ou descolamento da retina.

Miopia

O oftamologista explica que quanto mais alta a glicemia, maior a viscosidade do sangue que leva à miopia. “Isso acontece com mais frequência depois das refeições quando o nível de glicose sobe”, explica. 

Nas mulheres, observa, a absorção de água pelo cristalino pode ser maior por causa dos estrogênios e levar a um grau mais alto de miopia. Períodos prolongados de jejum fazem o cristalino desidratar e a miopia desaparece. 

Por isso, antes de prescrever óculos, o oftalmologista verifica se o índice glicêmico está controlado. A dica do médico para manter a estabilidade da refração e glicemia é se alimentar a cada 3 horas, dando preferência aos grãos integrais, verduras e frutas em pequena quantidade.

Cataratas

O especialista esclarece que a repetida hidratação e desidratação do cristalino alteram suas fibras, antecipando a formação da catarata, opacificação do cristalino que responde por 49% dos casos de cegueira tratável no Brasil. 

O único tratamento é a cirurgia em que o cristalino opaco é substituído por uma lente intraocular. “No caso de diabéticos quanto antes o procedimento é feito, melhor”, afirma.

A catarata diminui a quantidade de luz azul que chega à retina e com isso a produção de melatonina, hormônio que regula nosso estado de alerta e sono. Diabéticos que convivem muito tempo com a catarata ficam estressados pelas noites mal dormidas, ganham peso e maior resistência à insulina.

Glaucoma

Oglaucoma em diabéticos é uma reação secundária da retinopatia. É caracterizado pela formação de neovasos, menor irrigação sanguínea, inflamações oculares. A dificuldade de escoamento do humor aquoso causa aumento da pressão intraocular e morte de células do nervo óptico.

O especialista ressalta que o glaucoma renovascular tem evolução rápida e o campo visual perdido é irrecuperável. Por isso, é importante que toda pessoa diabética faça exames oftalmológicos anualmente. 

As alterações oculares que podem cegar geralmente aparecem após 10 anos mas é o tratamento contínuo que mantém a visão.

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