Saúde

Pacientes com câncer de próstata terão nova opção de tratamento no Brasil

Terapia é indicada para aqueles em que o câncer voltou a progredir, mesmo após o tratamento de bloqueio hormonal

Câncer de próstata é o segundo mais comum no País entre os homens, com uma estimativa de mais de 60 mil novos casos anuais.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar um novo medicamento para pacientes com câncer de próstata. A apalutamida é um inibidor do receptor de andrógeno, indicado em combinação com terapia de deprivação androgênica (ADT) para postergar o aparecimento de metástase naqueles pacientes que já realizaram o tratamento localizado, receberam ADT e, ainda assim, há aumento do PSA (marcador sanguíneo).

A terapia atual dos pacientes que progridem após o tratamento local consiste em castração cirúrgica ou química (deprivação androgênica), que reduz o nível de testosterona (hormônio que serve de alimento para os tumores crescerem). No entanto, muitos dos cânceres de próstata resistem à terapia nessa etapa e 90% dos pacientes acabam desenvolvendo metástases ósseas.

O novo medicamento demonstrou diminuir em 72% o risco de progressão para metástase ou de morte e proporcionou 40,5 meses de sobrevida livre de metástase (mediana), o que representa um ganho de dois anos quando comparado ao placebo (16,2 meses).

“Esse medicamento representa um grande avanço para uma situação grave do câncer de próstata que já falhou ao tratamento hormonal. A apalutamida possibilita postergar o aparecimento da metástase, que é justamente a parte mais temida da doença, e adia também os efeitos secundários desse processo, impactando positivamente na qualidade de vida do paciente”, destaca o oncologista, Fernando Maluf. 

Expectativa e qualidade de vida

Na fase não-metastática, a doença pode ser silenciosa e manifestar sintomas após a progressão e o surgimento de metástases. Porém, quando essas se manifestam há uma significativa redução na expectativa de vida. Estima-se que, na fase metastática, a expectativa seja reduzida para até 3 anos.

A metástase do câncer de próstata também pode causar dor óssea, provocar fraturas ou até compressão da coluna vertebral, impactando diretamente no dia a dia do paciente. Durante o estudo clínico Spartan, parte significativa dos pacientes que receberam o medicamento não apresentaram tal impacto e mantiveram no tratamento a mesma qualidade de vida que tinham anteriormente.

Esse resultado demonstrado em pacientes não metastáticos e assintomáticos é decorrente do perfil favorável de segurança e de tolerabilidade da apalutamida, que apresenta poucos eventos adversos graves. Os eventos adversos no geral foram comparados ao do placebo e os mais comuns foram fadiga, hipertensão e rash cutâneo.

Inovação no país

“O Brasil é o quinto país a receber a aprovação de apalutamida”, conta Telma Santos, Diretora Médica da Janssen Brasil. Agora, o produto passará por processo de aprovação de preço na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

A Janssen possui história e expertise para a inovação e o desenvolvimento de medicamentos oncológicos. Além da apalutamida, possui em seu portfólio brasileiro o acetato de abiraterona, indicado para pacientes com câncer de próstata metastático recentemente diagnosticado e não tratado anteriormente, e também para pacientes com a doença metastática que falharam à castração.

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, com uma estimativa de mais de 60 mil novos casos anuais. A doença, que acomete normalmente indivíduos acima de 50 anos, ocorre quando células malignas se formam nos tecidos da próstata. A metástase acontece quando essas células se disseminam para outros órgãos, que normalmente são os ossos, linfonodos, fígado ou pulmão.

Sobre a apalutamida

A apalutamida é um novo inibidor oral de receptor de andrógeno que bloqueia a via de sinalização dos andrógenos em células do câncer de próstata. O medicamento inibe o crescimento de células cancerosas de três formas: prevenindo a ligação de andrógenos ao seu receptor nas células; bloqueando a entrada dos receptores de andrógenos nas células cancerígenas; e impedindo os receptores de se ligar ao DNA da célula maligna.

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