Saúde

Pílula do dia seguinte causa infertilidade? Tire dúvidas!

Ginecologistas explicam como funciona e quem pode tomar o hormônio que inibe a implantação do embrião, caso haja a fecundação do óvulo

 Foto: Site de Beleza e Moda - Mulher

Giovanna Borielo, do R7*

O que é a pílula do dia seguinte? A pílula do dia seguinte, ou pílula de emergência é composta por 1,5 g de levornogestrel (tipo de progesterona sintética), hormônio que imita a progesterona produzida pela mulher, e que tem a capacidade de impedir a gravidez. Esse hormônio, segundo o ginecologista André Malavasi, da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), age destruindo o corpo-lúteo, produzido durante a ovulação e responsável por secretar substâncias que permitem a continuidade da gravidez. Esse pico de hormônio faz também que haja uma descamação do endométrio, fazendo com que o espermatozoide não consiga fecundar o óvulo.

Quando a pílula pode ser utilizada? O ginecologista afirma que a pílula pode ser utilizada até 72 horas após o ato sexual, mas o quanto antes, maior a sua eficácia. Ele explica que cerca de 1/3 das mulheres podem ter alterações no ciclo menstrual e, não obrigatoriamente, irão menstruar nos dias seguintes após o uso do medicamento. Entre as alterações, podem ocorrer um ciclo mais longo ou mais curto.

Quais são os efeitos colaterais da pílula de emergência? Os efeitos mais comuns causados pela pílula de emergência, de acordo com Malavasi, são enjoo, possíveis sangramentos e dores de cabeça.

A pílula do dia seguinte é abortiva? Não. O ginecologista explica que a mulher ovula no 14º dia do ciclo menstrual e esse óvulo demora cerca de sete dias para descer a tuba uterina e, se fecundado, implanta no útero no 21º dia do ciclo menstrual. Se dentro desse período de sete dias para o óvulo descer a pílula for tomada (dentro dos três dias seguintes da relação), não haverá a fecundação, porque a pílula torna o ambiente do útero hostil para a implantação.

Em que situações a pílula de emergência pode ser utilizada? A pílula deve ser utilizada após a realização de sexo desprotegido ou quando a camisinha estourar ou vazar. O médico afirma que mulheres que utilizam métodos contraceptivos, como a pílula, implantes uterinos e o DIU, não têm a necessidade de fazer uso da pílula emergencial, pois os métodos já utilizados são mais eficazes na contracepção (99,8%, em média) do que a pílula emergencial (98,5%).

Todas as mulheres podem utilizar a pílula do dia seguinte? De acordo com o ginecologista, sim. Embora mulheres que tenham trombose ou câncer, por exemplo, não devam administrar hormônios, os riscos da pílula de emergência são pequenos por se tratar de uma dose de curto uso. Se uma gravidez indesejada ocorrer em mulheres com esses problemas, a produção de hormônios da placenta durante os nove meses de gestação pode oferecer riscos maiores.

A pílula perde o efeito se utilizada muitas vezes? Não. Malavasi afirma que a pílula de emergência pode ser usada quantas vezes a mulher necessitar. Entretanto, o método não deve ser utilizado como contracepção, pois a carga hormonal é grande quando comparado com o DIU hormonal, por exemplo. A pílula de emergência libera uma dose de hormônio 7.500 vezes mais alta do que esse dispositivo. O médico orienta que, se a mulher usar a pílula de emergência pelo menos quatro vezes ao ano, o melhor é optar por um método contraceptivo de longa duração.

A pílula de emergência tem interação medicamentosa? Sim. Segundo o ginecologista, entre os principais medicamentos que podem ter interferência estão os antibióticos e antidepressivos. A interação pode diminuir ou potencializar o efeito do medicamento ou da pílula.

A pílula de emergência pode causar infertilidade? Não. A ginecologista Cristina Salbo, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), afirma que nenhum método contraceptivo pode causar infertilidade.

A pílula do dia seguinte pode causar trombose? Não. Cristina afirma que essa possibilidade não existe, pois a pílula de emergência é composta apenas por um hormônio, a progesterona. O hormônio que oferece a possibilidade de trombose em pílulas combinadas é o estrógeno, que favorece a coagulação sanguínea.

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