Saúde

Transplante de Órgãos: única chance de vida para mais de mil capixabas

936 pessoas aguardam na fila de espera por uma doação de rim no Espírito Santo

Foto: Pixabay
Famílias se recusam a doar órgãos de entes falecidos e dificultam o transplante. 

Andar, mexer as mãos, sentar, falar e brincar. É preciso estar saudável para executar as mais simples e diversas funções do dia a dia. O corpo humano é formado por uma série de sistemas como o circulatório, respiratório, ósseo, digestivo e muscular. Para que ele funcione direito é preciso que todos os sistemas estejam trabalhando juntos e quando um falha, sérios problemas podem acabar surgindo.

Além da predisposição e da genética, existem outras situações bem comuns que podem adoecer os órgãos e somente o transplante pode salvar a vida do paciente. Dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), indica que um total de 1.051 adultos, além de nove crianças, estão hoje na fila de espera do transplante no Espírito Santo. A maioria - 936, somando adultos e crianças- está à espera de um rim. O cirurgião urologista do Hospital Meridional, Cláudio Borges, explica que doenças como diabetes e hipertensão arterial são as principais causas que levam uma pessoa a fazer hemodiálise, podendo também necessitar de um transplante renal.

Foto: TV Vitória
Cláudo Borges em entrevista para a TV Vitória

O médico esclarece que mesmo adotando hábitos de vida saudável ninguém está livre de uma falência nos rins. Por isso, exames de rotina são indispensáveis para garantir a saúde. "Para você conseguir detectar o problema de maneira precoce e trata-lo é necessário que os exames sejam realizados periodicamente", esclareceu Claúdio Borges.

Foto: Image: TV Vitória
A médica Carla Bonadiman, em entrevista para a TV Vitória. 

E não são só o rins que podem ter problemas. Hábitos não saudáveis causam danos em outros órgãos como o fígado. A gastro-hepatologista do Hospital Meridional, Carla Bonadiman, explica que a alimentação desregrada, o sedentarismo e o sobrepeso já são considerado epidemia. "Está tudo associado ao estilo de vida e isso tornou-se uma epidemia no mundo inteiro. Nos Estados Unidos, a terceira indicação de transplante já é por cirrose, por doença gordurosa do fígado".

O fato é que diante de doenças graves e junto de um diagnóstico de insuficiência, seja renal, cardíaca ou hepática, surge a necessidade do transplante. Como o caso da Thallyta Borges, uma jovem de 27 anos que sofria desde criança com problemas nos rins. Já adulta estava vivendo apenas com seis por cento da capacidade renal e a única forma de salvar sua vida era um transplante.

CASO

A insuficiência renal de Thallyta foi descoberta na infância. Por ser degenerativa com o tempo os rins foram parando de funcionar. "Pela minha capacidade renal eu já sabia que não conseguiria viver muito tempo desta forma. Mas quando soube que precisava de um transplante, foi um grande susto. Fiquei apreensiva e nervosa, até mesmo por conta da cirurgia porque na minha cabeça não seria um procedimento simples", relatou Thallyta.

Foto: TV Vitória
Thallyta, 27 anos. Desde criança a jovem sofria com insuficiência renal. 

Para que haja um transplante é preciso um doador e o destino deu uma força para a jovem Thallyta, que conseguiu ser transplantada. Quando se apaixonou e casou com Alessandro Borges, ela não sabia que viria dele o órgão que tanto precisava. "Ele quem quis doar, foi uma iniciativa dele. E eu digo que uma prova de amor maior que essa eu não vou ter para o resto da vida", afirmou a jovem.

Alessandro Borges, marido de Thallyta, comenta que é preciso ter consciência da importância da doação. "Se tenho dois e posso doar um porque eu não vou doar? Então é necessário ter essa consciência de ajudar a salvar a vida de uma pessoa, de melhorar suas condições".

TRANSPLANTES NO ESPÍRITO SANTO

No ano passado, foram realizados no Estado 486 transplantes, incluindo córnea, rim, fígado e coração. Hoje, 936 pessoas, entre adultos e crianças precisam de um rim, 73 precisam da doação de córnea, 44 de um fígado e cinco de um coração. Segundo os dados da ABTO, até junho deste ano, no Espírito Santo, 66 pessoas não resistiram à espera por um transplante e acabaram morrendo.

TRANSPLANTES NO BRASIL

Dados do Ministério da Saúde mostram que em 2018 o país deve realizar 26.400 transplantes. Desse total, 8.690 serão órgãos sólidos (coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim e pâncreas rim), registrando recorde em comparação aos últimos oito anos. Na projeção para todo o ano de 2018, os transplantes de córnea, no entanto, apontam redução. Esse é reflexo da redução da lista de espera em alguns estados, por exemplo; Amazonas, Ceará, Goiás, Pernambuco e Paraná tiveram desempenho médio de transplantes de córnea, superior ao da média de pacientes na lista de espera, nos últimos três meses, portanto, são considerados na situação de lista zerada. 

O Jornal da TV Vitória preparou uma série de reportagens especiais sobre Transplante de Órgãos. Abaixo, você confere o primeiro episódio que fala sobre a importância do transplante.




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