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Greve da PM: movimento não tinha lideranças, diz advogado de mulheres denunciadas

Na tarde desta segunda-feira foram ouvidas 11 testemunhas de defesa dos acusados de participação na paralisação da Polícia Militar

Onze pessoas foram ouvidas durante a tarde desta segunda-feira na audiência de instrução

Onze testemunhas de defesa das 14 mulheres denunciadas pelo Ministério Público Estadual (MPES) por incitar e organizar a paralisação da Polícia Militar foram ouvidas na tarde desta segunda-feira (14), durante o primeiro dia das audiências de instrução sobre o movimento. Os trabalhos foram rápidos durante a tarde e todas elas foram ouvidas em cerca de três horas.

Uma das testemunhas ouvidas nesta segunda foi o presidente da Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo (Assomes), tenente-coronel Rogério Lima. Ele disse que as entidades de classe ficaram longe da paralisação da Polícia Militar.

"Durante o início do movimento, as entidades representativas de classe sofreram uma ação judicial, por parte do Governo do Estado, e que impunha uma multa de R$ 3 milhões. E nós tínhamos que manter um distanciamento dessa relação das mulheres e o movimento", ressaltou Rogério Lima.

A TV Vitória/Record TV teve autorização para gravar parte da sessão, mas não os depoimentos. Ao todo, foram ouvidos um procurador do estado, três soldados, um oficial dos bombeiros e seis oficiais da PM. Os militares contaram como foi a greve nos batalhões onde estavam em fevereiro do ano passado.

Para todas as testemunhas policiais militares, um dos advogados repetia sempre duas perguntas: se eles ouviram de alguém que aquele movimento era nacional e se alguma ordem do comando foi descumprida. Todos responderam não para as duas questões.

O advogado Alexandre Hegner, que representa seis acusadas, disse que, com essas perguntas, consegue provar que o movimento não tinha lideranças. "Era, na verdade, um movimento social de mulhares, que estavam ali para tentar persuadir o governo em melhorias salariais para seus maridos. E isso foi entendido pelo Ministério Público como uma liderança no movimento, que elas eram responsáveis pela paralisação, mas não é nada disso. É isso que a gente tenta comprovar com esses testemunhos", destacou.

Durante a manhã, quatro testemunhas indicadas pela acusação prestaram depoimento. Os trabalhos tiveram início por volta das 9 horas e não puderam ser acompanhados pela imprensa.

Deputados

No final da manhã desta segunda-feira, foram ouvidos três deputados estaduais como testemunhas: Euclério Sampaio (PSDC), Bruno Lamas (PSB) e Janete de Sá (PMN). Os parlamentares se reuniram com representantes do movimento das mulheres e todos disseram não ter percebido se havia algum líder ou grupo de líderes.

Bruno Lamas, que não participou de reuniões com a comissão de mulheres porque, segundo ele, não foi comunicado a tempo, disse, em depoimento, que foi surpreendido com a greve, como todos os capixabas. Já Euclério Sampaio declarou que se reuniu poucas vezes com as acusadas e que, pelo que soube, havia insatisfação entre os militares, mas que o movimento não tinha um líder. Por fim, Janete de Sá disse que, desde as primeiras reuniões, no início da greve, observou que o movimento não teria sucesso, justamente por não haver entendimento entre as mulheres e uma liderança no grupo.

O deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) e a esposa dele, a deputada federal Norma Ayub (DEM) chegaram a ser chamados para depor, mas acabaram sendo dispensados. Ambos participaram de reuniões com as mulheres de militares e disseram não ter entendido a dispensa e que poderiam contribuir muito para o processo.

Nesta terça-feira (15) serão ouvidos os deputados estaduais Marcelo Santos (PDT) e Josias Da Vitória (PPS). Também deverá depor o arcebispo de Vitória, dom Luiz Mancilha Vilela.

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