Transplante de Órgãos: saiba quais são as etapas e como é realizado
Negativa familiar é uma das principais causas da não doação de órgãos no Espírito Santo
Para que ocorra um transplante é necessário que exista um doador. Essa frase pode parecer óbvia, mas precisa ser reforçada uma vez que a conscientização da população em relação a doação de órgão deixa a desejar. Para se ter uma ideia, no ano de 2017, a negativa familiar foi a principal causa da não doação de órgãos e somente no Estado, até junho deste ano, 66 pessoas não resistiram à espera por um transplante e acabaram morrendo, conforme mostram os dados Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
Buscando compreender as etapas necessárias para a realização do transplante, a equipe de reportagem da TV Vitória acompanhou todo o processo de captação e doação de órgão, no Hospital Meridional, em Cariacica. E a repórter, Ana Carolina Monteiro relata sua experiência ao acompanhar de perto um transplante de rim. "Tudo é cronometrado, enquanto uma equipe retira o órgão do doador, neste caso vivo, a outra começa a preparar o paciente que vai recebe-lo. Cerca de três horas se passam, até que o cirurgião sai da sala com o órgão para ser transplantado no paciente. A partir daí, tudo acontece muito rápido para garantir o sucesso do procedimento".
DOADORES
Achar um órgão compatível quase sempre é um processo de espera dolorido. A fila para o transplante é grande e só nos primeiros seis meses deste ano, 929 pacientes estavam na lista de espera por um rim no Estado. O cirurgião urologista, do Hospital Meridional, Cláudio Borges afirma que o ideal seria que todos os doadores fossem falecidos. "O problema é que nós não temos uma oferta de doação suficiente para atender a demanda de pacientes que estão na fila de espera por um órgão. Então nestes casos, nós priorizamos o doador vivo, que geralmente é um parente ou alguém relacionado ao paciente que se despõe a doar, num ato de extrema bondade e humanidade em ajudar uma pessoa da família que está necessitada".
O coordenador do Centro de Transplantes do Hospital Meridional, Gustavo Peixoto explica que uma das dificuldades da realização do transplante está na saúde pública brasileira, que depende de infraestrutura para realizar o procedimento. "O sistema público é precário. Portanto, do mesmo jeito que as pessoas em vida tem dificuldade em fazer seus exames, é difícil que um doador de órgãos consiga realizar todos os exames necessários, como por exemplo uma arteriografia, para assegurar que não haverá transmissão de doença entre o doador e o receptor".
Gustavo Peixoto ainda acrescenta que outro grande problema é a questão da conscientização da população. "No Espírito Santo tínhamos um índice de negativa familiar de 40%, este ano, essa negativa subiu para mais de 50%. É importante que as pessoas tenham consciência da importância da doação e saibam que a possibilidade de um de nós precisar de um órgão é seis vezes maior do que de se ter morte encefálica e poder doar".
DADOS 2018
A coordenadora da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), Maria Machado, conta que, de janeiro a setembro, deste ano, ocorreram 115 mortes encefálicas. Dessas, 81 pacientes eram doadores em potencial, ou seja, estavam elegíveis para doar. Desse total 25 famílias se recusaram a doar, número que é considerado expressivo. Atualmente, no Brasil, quase 33 mil pessoas aguardam por uma doação de órgão e no Estado, são 1.053 pacientes em espera.
EXEMPLO
Exibida na primeira reportagem especial da série de Transplante de Órgãos, o caso da Thallyta Borges é um exemplo de ato de solidariedade. A jovem, de 27 anos, sofria desde a infância com insuficiência renal e recebeu do marido, Alessandro Borges a doação do rim. Abaixo, você confere o segundo episódio que mostra as etapas do processo de transplante e o caso da Thallyta Borges.
